Saturday, August 04, 2007

LUX AETERNA


György Sándor Ligeti (1923–2006). Quando me cruzei com a obra de György Ligeti (GL), já lá vão uns anos, a minha perspectiva da música ganhou uma dimensão extra. Foi um ponto de viragem nas minhas concepções musicais, que até então estavam enraizadas nos métodos clássicos de composição e interpretação. Foi a minha porta de entrada para o fantástico mundo da ''música contemporânea''.
A minha fascinação pela obra de GL é ainda hoje imensa, e não diminuiu em nada à medida que fui, naturalmente, conhecendo outros compositores e à medida que o meu entendimento da música contemporânea se tornou maior. Uma das facetas que me seduz é o facto de ele não ter sido um apóstata da musica classica, mas ter construído uma obra bem assente sobre as estruturas clássicas, mas ter criado uma obra musicalmente radical e sem dúvida alguma ter encontrado uma outra via nos já superexplorados métodos tradicionais de interpretação e composição. O fascinio por GL, tornou-se lendário na pessoa de Stanley Kubrick, que a partir de determinado momento incluiu inúmeras obras nos seus filmes, tornando-se assim, um dos seus maiores divulgadores. Veja-se por exemplo ''2001 odisseia no espaço'' que conta com uma série de momentos musicais das obras de GL, em tal simbiose que muitas vezes chego a pensar se parte do filme não terá sido criado para a música.

Obras que destaco:
-Requiem for Soprano, Mezzo-Soprano, 2 Mixed Choirs & Orchestra
-Le grand macabre (ópera)
-Apparitions
-Atmosphères
-Lux Aeterna
Deixo aqui um link para uma interpretação fantástica do '' estudo nº13, Devil's staircase''.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

entrei em contacto com a obra de Ligueti ja no porto, e aí as coisas já mudavam. Mas algo de perturbador era fantástico. Lembro-me de três seres humanos que dormiam numa só cama em Voimbra, num quarto quase lúgubre com vista para mulheres de bata, e aí esses seres adormeceram com ligueti, de olhos arregalados e preparados para a ressaca e tesão matinal. Percebi que Luís Pereira era um perturbado. Ouviríamos nós muito mais Ligueti para adormecer, seríamos já uma composição química desprovida de forma humana? Não, éramos três pénis que esvoaçavam como um mosquito musical, perturbador... Tão perturbador que nos arranha a memória e deixa uma cicatriz. De cada vez que vejo num jornal de verão a pergunta a um antonio jose joaquim.... a pergunta qual o filme da sua vida, dou por mim a dizer: "eu responderia Eyes Wide Shut". Marca a última obra do senhor Lolita, mostra o que é o estúpido ciúme para o homem, mas, sobretudo, marca a nossa cicatriz com três acordes de Ligueti. Arranha-nos como esquizofrenia.

n.Cash

12:13 PM  

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